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Idosos redescobrirem o prazer de se mover

Reconstrução da confiança no próprio corpo é também um reencontro com a vida

O envelhecimento não precisa ser um processo de anulação do corpo, da presença, nem da vontade de viver. Na Austrália, a expectativa de vida é uma das mais altas do mundo, de acordo com dados do Australian Bureau of Statistics (ABS) divulgados em novembro de 2024, sendo de 81,1 anos para homens e 85,1 anos para mulheres, uma nova forma de cuidar tem ganhado espaço entre aqueles que acreditavam já ter deixado os melhores movimentos para trás.

Arquivo pessoal

Assim que atua o fisioterapeuta brasileiro Alexandre Peres, um profissional que não apenas trata dores, mas escuta histórias com o corpo inteiro. Com mais de duas décadas de experiência clínica e especializado em saúde do idoso, ele desenvolveu uma abordagem que mistura ciência, escuta ativa e um tipo raro de presença: aquela que não tem pressa, que acolhe, que espera junto. “Quando a dor se instala ou a idade avança, o corpo se recolhe. E muitas vezes, junto com ele, recolhe-se também a vontade de viver. Meu trabalho é facilitar esse reencontro entre o corpo, o desejo e a autonomia”.

Esse reencontro não acontece de forma abrupta, é um processo. Começa muitas vezes pelo toque leve, pelo convite ao pequeno gesto: levantar um braço, respirar mais fundo, aceitar ajuda. Sua metodologia não se limita ao que o corpo apresenta. Ela vai até onde as palavras faltam: no medo de cair, na vergonha de precisar de alguém, no luto pela independência perdida. “A fisioterapia não pode ser só um protocolo. Cada corpo é conta sua própria história. E com o envelhecimento, elas merecem ainda mais atenção. Quando um idoso volta a andar sem dor ou a vestir-se sem ajuda, ele não está apenas se movendo. Ele está retomando o controle da própria existência”, pontua o profissional.

Na prática, os resultados aparecem em várias camadas: a dor diminui, os movimentos retornam, mas algo mais profundo também floresce. A autoestima, a autonomia e até a alegria. Aquela alegria tranquila, que vem das atividades simples como poder regar plantas, preparar um chá ou sair para ver o sol. Pequenas liberdades que, para muitos, pareciam inalcançáveis.

A Austrália tem hoje uma das populações mais longevas do planeta. Segundo dados recentes, é o país com a maior expectativa de vida para homens (80,4 anos) e o quarto mais longevo para mulheres (84,5 anos). Nesse contexto, a demanda por práticas de cuidado que vão além do convencional tem crescido, especialmente entre idosos que desejam não apenas viver mais, mas viver melhor. “O movimento não é o fim. É o meio pelo qual a pessoa volta a confiar em si, a se reconhecer. Precisamos parar de tratar o envelhecimento como uma sentença. O corpo muda, sim, mas ele também aprende, se adapta, responde. E quando é acolhido com respeito, ele volta a conversar. E é isso que me move todos os dias”, pontua o especialista.

Mais do que fisioterapia, o que Alexandre oferece é um chamado à vida. Um lembrete de que nunca é tarde para voltar a habitar o próprio corpo com afeto, com dignidade e, sobretudo, com humanidade.

Sobre
Alexandre Peres é fisioterapeuta especializado na saúde do idoso, com formação pelo Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva (IMES-SP) e atuação no Brasil e na Austrália. Com mais de duas décadas de experiência clínica, desenvolveu uma abordagem integrativa e personalizada, especialmente voltada para pacientes com comorbidades complexas e limitações funcionais.

Na Austrália, onde reside, atua em serviços de cuidado domiciliar com foco em reabilitação geriátrica, aplicando protocolos que aliam técnica, empatia e promoção da autonomia. Sua prática é reconhecida por resultados significativos na melhora da qualidade de vida de idosos, na prevenção de quedas e na redução de internações. Também mantém constante atualização em áreas como fisioterapia respiratória, ortopédica e neurológica, reforçando seu compromisso com tratamentos humanizados e baseados em evidências.

FONTE: Karol Romagnoli

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