Santana de Parnaíba fornece sensor para monitorar glicose e inova o tratamento para alunos com diabetes
Iniciativa da prefeitura marca o início de um programa pioneiro em toda a região; serão beneficiadas crianças e adolescentes com idades entre 4 e 17 anos
A Prefeitura de Santana de Parnaíba implantou o Projeto de Monitoramento Contínuo da Glicose, com entrega de sensor a pacientes diagnosticados com o diabetes tipo 1 insulinodependentes, na faixa etária dos 4 aos 17 anos. A primeira entrega promovida pela Secretaria de Saúde ocorreu em agosto na sala de treinamento do Centro Administrativo Bandeirantes (CAB). Na ocasião, um educador em diabetes capacitou familiares e pacientes sobre o funcionamento e uso do medidor.
“O meu filho foi diagnosticado com o diabetes tipo 1 quando tinha dois anos de idade e, por muito tempo, a medição era feita com o furo no dedo, o que gerava dor, desconforto e problemas no controle da doença. Depois adotamos o sensor, mas o custo era muito alto, então contar com o dispositivo entregue pela prefeitura é uma bênção, fico emocionada e o coração cheio de gratidão”, disse Zélia Marques, mãe do paciente Matheus Marques, de 12 anos, estudante e praticante de natação.
Considerado uma alternativa menos invasiva do que os métodos tradicionais, o sensor é um dispositivo que monitora os níveis de glicose no sangue. Aplicado sob a pele e com a durabilidade de 14 dias, ele fornece informações sobre o controle do diabetes 24h por dia, o que permite o monitoramento contínuo dos níveis de glicose.
“Os dedinhos da Milena ficavam constantemente doloridos de tanto furar. Agora melhorou muito, ela tem mais autonomia, leva uma vida normal tanto na escola quanto nas aulas de balé, e a família toda vive com mais tranquilidade”, revelou Vanilda Costa Silva, mãe da paciente Milena.
Ao entregar o sensor, o principal objetivo da prefeitura é disponibilizar para os munícipes uma tecnologia avançada de automonitoramento e melhoria da qualidade de vida. “O sensor de monitoramento contínuo da glicemia traz maior facilidade e menos desconforto ao paciente portador de diabetes mellitus, ou com necessidades de controle glicêmico minucioso, por verificar a glicemia de forma contínua e armazenar os dados dia e noite”, explica o Núcleo de Planejamento e Monitoramento em Saúde da prefeitura.Funcionamento
Sensor de Glicose – aluna Milena (1).jpg
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Entre as funcionalidades do sensor de glicose, ele indica a tendência da glicemia no organismo e permite que o paciente se mantenha dentro das metas glicêmicas, o que resulta em menor risco de apresentar hipoglicemia (nível baixo de açúcar no sangue) ou hiperglicemia (nível alto de açúcar no sangue).
Condição em que os níveis de glicose no sangue caem abaixo do normal (70 mg/dL), a hipoglicemia pode causar tremores, sudorese, tontura, confusão, fraqueza, desmaio e convulsões, entre outros sintomas. Se não tratada a tempo, pode levar à perda da consciência. Por sua vez, a hiperglicemia pode causar sede excessiva, urinação frequente, fadiga, visão embaçada, náusea, vômito e, se não for tratada, pode levar a uma emergência médica. Em sua essência, com a glicemia controlada, o paciente apresenta melhor resposta ao tratamento, menor taxa de internação e aumenta a expectativa de vida.
Do tamanho de uma moeda de um real, o sensor digital, que é resistente à água, é aplicado na parte posterior superior do braço. Ao passar o leitor pelo dispositivo (pode ser via aplicativo de celular), o paciente terá o histórico glicêmico, uma seta apontando se a glicose está subindo, baixando ou mudando lentamente. As informações sobem na nuvem e ficam disponíveis para acesso por parte do médico e do responsável da família.
O Projeto de Monitoramento Contínuo da Glicose conta atualmente com 22 cadastrados. Ao longo do tratamento, eles passam por consultas e acompanhamentos com equipe multiprofissional (endocrinologista, nutricionista, enfermeiro, farmacêutico, psicólogo); contam com acesso aos medicamentos e insumos para diabetes nas farmácias municipais, e participam de aula sobre “Educação em Diabetes”.
De acordo com o Núcleo de Planejamento e Monitoramento em Saúde, o objetivo final deste protocolo é que todos os pacientes com diabetes mellitus tipo 1 e insulinodependentes, acompanhados pela rede municipal de saúde, e que se enquadrem nos critérios de inclusão do projeto, sejam contemplados e monitorados com os sensores. A gestão do programa está sob o comando da equipe multiprofissional de coordenadores da Saúde e do secretário Dr. José Carlos Misorelli.
Para ser contemplado com um sensor, é preciso estar com o cadastro homologado no município, enquadrar-se nos critérios de inclusão do protocolo, possuir idade entre 4 até 17 anos, 11 meses e 29 dias e apresentar indicação médica expressa e prescrita para uso do medidor. Visando facilitar o acesso, os sensores do projeto de Santana de Parnaíba, que é inédito em toda a região, são dispensados em todas as farmácias básicas das UBSs e USAs do município.
Alerta para a doença
Além do tipo 1, a doença do diabetes também é classificada como tipo 2, gestacional e pré-diabetes (considerado grupo de alto risco). Uma pesquisa feita pela SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes) em parceria com o laboratório farmacêutico Abbott apontou que apenas 30% dos pacientes detém informação sobre a condição de pré-diabetes.
O termo é usado quando os níveis de glicose no sangue estão mais altos do que o normal, mas não o suficiente para um diagnóstico de diabetes tipo 2. O pré-diabetes é importante por ser a única etapa que pode reverter ou retardar a evolução para o diabetes e suas complicações. Estar em dia com os exames de saúde, cuidar da alimentação e praticar exercícios físicos contribuem no sucesso para o controle.
Segundo a SBC, mais de 13 milhões de pessoas vivem com diabetes no Brasil, o que representa cerca de 7% da população. Já a International Diabetes Federation, entidade ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), revela que no mundo há mais de 380 milhões de pessoas com a doença, sendo a maioria dos casos associada a condições como obesidade e sedentarismo.
Dados do Ministério da Saúde apontam o Brasil como o 5º país em incidência de diabetes no mundo, com 16,8 milhões de doentes adultos (20 a 79 anos), perdendo apenas para China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. A estimativa da incidência da doença em 2030 chega a 21,5 milhões. Esses dados estão no Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF).
Dia Mundial da Diabetes
Desde 1991, o Dia Mundial da Diabetes (14/11) se tornou um marco da luta contra a doença. A data criada em homenagem ao aniversário de Sir Frederick Banting, responsável pela co-distribuição da insulina, visa conscientizar a população sobre a importância de prevenir e combater a doença.
Fotos/Texto: Secom Santana de Parnaíba